Como perder o medo e dizer sim à uma vocação
Não é nada incomum o medo fazer parte do discernimento vocacional. Aliás, é normal o jovem questionar-se a respeito da sua vocação, afinal ele está vivenciando um processo de descobertas de quem ele é, do mundo e do próprio Deus.
Independentemente de qual vocação você se sente chamado, provavelmente perguntas como estas já passaram pela tua cabeça:
- Será mesmo esta a minha vocação?
- Será que o Senhor tem mesmo um lugar para mim na Igreja?
- Será que no futuro não vou descobrir que esta não era a minha vocação?
Se você se sente desta maneira, saiba que não está sozinho e não deixe que o medo te paralise! O medo é na verdade um sinal do teu amadurecimento e do seu comprometimento com Deus – Aquele que te presenteou com uma vocação!
Parte deste medo é devido à sociedade da qual somos parte que não acredita em escolhas definitivas e muito menos de que algo pode ser para sempre.
Mas, saiba que é a vontade de vencer o medo que vai mudar a sua vida!
Um chamado de Deus para a felicidade e para a santidade
Quando Deus nos chama para uma vocação Ele o faz de forma definitiva!
Portanto, o chamado que ele te fez não depende do teu querer. Obviamente que você é livre para dar a sua resposta, pois Ele não nos força a nada.
Mas, uma vez que Ele te chamou para uma vocação, seja ela ao matrimônio, ao sacerdócio ou à vida religiosa, esta te acompanhará por toda a tua vida.
“Antes que no seio fosses formado, eu já te conhecia; antes de teu nascimento, eu já te havia consagrado” (Jeremias 1,5).
A história da Igreja está repleta de santos que discerniram à sua vocação e a viveram plenamente. Veja estes testemunhos e se inspire!
Santa Clara de Assis
Esta jovem de família nobre desde cedo destacou-se pela caridade e o amor para com os pobres. Sua família queria casá-la com um jovem rico, mas ela sabia que a sua vocação era ser religiosa, por isso abandonou o luxo e conforto para consagrar-se a Jesus. Ela viveu na prática o amor e a mais estrita pobreza. Foi o ramo feminino da Ordem Franciscana, a chamada Ordem de Santa Clara (ou Ordem das Clarissas).
São Luís e Santa Zélia Martin
São Luís e Santa Zélia Martim, são os pais de Santa Terezinha do Menino Jesus, uma das santas mais amadas da Igreja.
Aqueles que são chamados à vocação matrimonial encontram neste santo casal um modelo de perfeição na vivência do amor conjugal e na educação dos filhos. O casal teve 9 filhos, porém 4 morreram na infância. No entanto, a dor e a tristeza não lhes trouxeram amargura. Muito pelo contrário, vivam com doçura sua vocação e buscando a Deus constantemente na oração diária.
A família toda dedicava o domingo exclusivamente ao Senhor. Por isso, sempre participavam de 3 santas Missas dominicais: a primeira para se preparar para a santa comunhão; a segunda para comungar; e a terceira em ação de graças.
Além disso, à tarde costumavam voltar para à Igreja para permanecer em adoração ao Santíssimo Sacramento.
Outro costume desta santa família era visitar famílias carentes levando a ajuda que precisavam.
Além de Santa Teresinha, outras 4 meninas desta santa família também se tornaram religiosas.
São João Paulo II
Quando jovem, São João Paulo II também tinha dúvidas quanto à sua vocação. Inicialmente ele queria ser ator, mas não era isso que constava nos planos de Deus.
Ele chegou a começar um curso de teatro na universidade de Cracóvia, mas a segunda guerra mundial interrompeu os seus estudos. E foi no meio dos horrores da guerra que ele sentiu o seu chamado vocacional.
No entanto, as igrejas estavam fechadas e muitas tinham sido queimadas ou destruídas pelo regime comunista.
Ainda assim, certo de sua vocação, ele entrou para um seminário clandestino, e foi apenas quando a guerra acabou que ele seguiu com os estudos.
Em 1946 tornou-se sacerdote e amando trabalhar com a juventude gostava de reuni-los para subir a montanha para juntos rezarem. Em 1978 tornou-se Papa e criou as jornadas mundiais da juventude.
Como discernir bem uma vocação
Do discernimento vocacional depende a nossa felicidade, afinal somos felizes quando conformamos nossa vida com aquilo que Deus tem para nós. Como nosso Pai, Ele quer o nosso bem!
O Papa Francisco afirmou que na vocação “está em jogo o sentido da minha vida diante do Pai que me conhece e ama, aquele sentido verdadeiro para o qual posso orientar a minha existência e que ninguém conhece melhor do que Ele” (Gaudete et Exsultate, 170).
Contudo, discernir a própria vocação é um processo longo no qual você vai abrindo-se cada vez para ouvir a voz de Deus.
Veja o que você precisa para discernir a vocação:
Vida de oração
Quanto mais rezamos, mais nos tornamos capazes de amar a Deus, mais nos tornamos sensíveis à Sua voz.
Santo Agostinho dizia que
“a oração é o encontro da sede de Deus e da sede do homem”.
Santo Afonso de Ligório, por sua vez, dizia que
“devemos rezar para saber o que Deus quer de nós e lhe pedir sua ajuda para cumprir a Sua vontade”.
Direção espiritual
Enxergar o que Deus tem para nós não é fácil, por isso poder contar com um diretor espiritual é uma grande ajuda.
Por isso, procure o auxílio de um padre para discernir sua vocação seja ela qual for.
O padre será para você a voz do próprio Deus. Ele vai te ajudar a identificar o desejo do Senhor para a tua vida.
Viver os Sacramentos
Principalmente o sacramento da Penitência e da Eucaristia.
No sacramento da Penitência encontramos o perdão e a reconciliação com Deus e na Eucaristia encontramos o alimento que fortalece nossa fé e nossa união com Jesus.
Participar de retiros espirituais
Quanto mais nos tornamos íntimos do Senhor, com mais facilidade discernimos o Seu plano para nós.
Por isso, procure participar de um retiro espiritual sobre vocacionados.
E se você pensa que isso é só para quem acredita que a sua vocação é sacerdotal ou religiosa, saiba que está enganado!
Estes retiros nos ajudam a nos reconhecermos e a desvendar os planos de Deus sejam elas quais forem.
Conhecer as diferentes vocações da igreja e seus carismas
Para conhecer a própria vocação primeiramente é preciso conhecer quais são as vocações da Igreja.
Por isso, busque informações sobre cada uma das vocações: Sacerdócio, vida religiosa, matrimonial, leigo e leigo consagrado.
Faça pesquisas na internet e se possível visite pessoalmente congregações religiosas, seminários e comunidades de vida e aliança.
Cada uma delas possui um carisma e se a sua vocação for sacerdotal ou religiosa, certamente uma delas irá ressoar em seu interior.
Converse também com casais que vivem a vocação matrimonial, pois é importante avaliar esta vocação a partir de outra família que não seja a nossa própria.
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