A Igreja não é lugar para homens
De algumas décadas para cá, surgiu uma ideologia que tem se fortalecido cada vez mais na sociedade. Trata-se da ideia de que práticas de piedade são coisas de mulher, ou seja, de que a Igreja não é lugar para homens.
Com isso, os homens que frequentam a Igreja, ou que de alguma maneira demonstram sua fé, passaram a ser ridicularizados por uma parte da sociedade.
Homens que optaram por dedicar sua vida inteiramente a Deus – sacerdotes, religiosos, seminaristas – passaram a ser fortemente questionados e até mesmo atacados devido ao voto do celibato.
O celibato é uma forma particular de castidade que favorece uma união mais profunda com Deus e Sua Igreja.
Muitas mulheres e homens que não encontram na Igreja seu lugar, simplesmente não acreditam que alguém seja capaz de manter sua castidade por amor a Deus.
Essa mentalidade é fruto de uma sociedade hedonista, que tem o prazer como o bem supremo.
Além disso, são muitos e constantes os ataques à masculinidade do homem da atualidade. Fruto de uma bandeira feminista que propaga ideias errôneas e distorcidas a respeito do papel do homem na família e dentro da Igreja.
É necessário, portanto, libertar a sociedade e principalmente os homens desse conceito de que a Igreja não é o seu lugar.
Para combater tais ideias, é preciso buscar a verdade, direto na fonte: a Bíblia Sagrada!
O homem na Palavra de Deus
O melhor exemplo que se pode ter para comprovar que a Igreja é lugar para homens são os testemunhos que encontramos na Sagrada Escritura.
Do Gênesis ao Apocalipse, grandes homens exerceram papel de liderança, foram capazes de ignorar a própria vontade para realizar os planos de Deus.
Cada um deles tem muito a ensinar para aqueles que levantam a bandeira de que Igreja não é lugar para homens.
O livro de Hebreus, por exemplo, cita vários homens que fizeram a diferença na história de fé do povo de Deus. Vejamos (cf. Hb 1,4-34):
- Abel ofereceu a Deus um sacrifício e mereceu ser chamado justo, porque Deus aceitou as suas ofertas.
- Henoc foi arrebatado, sem ter conhecido a morte. Escritura diz que, antes de ser arrebatado, ele tinha agradado a Deus”.
- Noé foi avisado a respeito de acontecimentos imprevisíveis; cheio de santo temor, construiu a arca para salvar a sua família e se tornou o herdeiro da justificação mediante a fé.
- Abraão, foi pela fé que habitou na terra prometida, como em terra estrangeira porque tinha a esperança fixa na cidade assentada sobre os fundamentos (eternos), cujo arquiteto e construtor é Deus.
- José do Egito, quando estava para morrer, fez menção da partida dos filhos de Israel e dispôs a respeito dos seus despojos.
- Moisés deixou o Egito, mandou celebrar a Páscoa e aspergir os portais com sangue, para que o anjo exterminador dos primogênitos poupasse os filhos de Israel. Sua fé os fez atravessar o mar Vermelho, foi pela fé que desabaram as muralhas de Jericó, depois de rodeadas por sete dias.
Além desses, não podemos deixar de mencionar, que Isaac, Jacó, Esaú, Gedeão, Barac, Sansão, Jefté, Davi e Samuel, Esdras, Neemias e Tobias. Há também os profetas Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel. Todos tiveram uma fé ativa que os impulsionaram a evangelizar. Seus feitos marcaram a história do Povo de Deus.
Os Evangelhos também citam inúmeros homens e suas histórias de fé, esperança e caridade, como os inúmeros discípulos de Jesus, os 12 Apóstolos e seus seguidores, como São Barnabé, São Timóteo, São Tito, Silas etc.
O próprio Cristo é o maior exemplo que todo homem deve adotar para si.
Há também o testemunho formidável de São José, esposo da Virgem Maria e pai adotivo de Jesus, além de São Simeão, São João Batista, São Zacarias, Santo Estevão, etc.
A Igreja, lugar para homens
Se no princípio dos tempos Deus se valia dos homens para realizar grandes feitos na humanidade, teria mudado agora sua visão sobre eles a ponto de não os querer mais na Sua Igreja?
Em todo o tempo da história da sociedade, Deus chama homens e mulheres em igual dignidade à sua comunhão. Vejamos o que diz o Catecismo da Igreja Católica.
“O homem e a mulher são criados, isto é, são queridos por Deus: por um lado, em perfeita igualdade como pessoas humanas e, por outro, em seu ser respectivo de homem e de mulher. «Ser homem», «ser mulher» é uma realidade boa e querida por Deus: o homem e a mulher têm uma dignidade inamissível e que lhes vem imediatamente de Deus, seu Criador. O homem e a mulher são criados em idêntica dignidade, «à imagem de Deus». Em seu «ser homem» e seu «ser mulher», refletem a sabedoria e a bondade do Criador” (CIC 369).
A Tradição da Igreja ensina que a comunhão com Deus é a mais alta vocação do homem.
“O aspecto mais sublime da dignidade humana está nesta vocação do homem à comunhão com Deus. Este convite que Deus dirige ao homem, de dialogar com Ele, começa com a existência humana. Pois se o homem existe, é porque Deus o criou por amor e, por amor, não cessa de dar-lhe o ser, e o homem só vive plenamente, segundo a verdade, se reconhecer livremente este amor e se entregar ao seu Criador” (CIC 27).
Como é possível, então, alguém afirmar que a Igreja não é lugar para homens?
A Igreja necessita da masculinidade em suas dimensões mais concretas: prover, procriar e proteger.
É o homem quem tem como chamado cuidar das provisões, assim como da fecundidade das famílias (como leigo) e do povo de Deus (como sacerdote e religioso). É o homem que é chamado a assumir o cuidado e a educação da verdade e da justiça, e a proteção, seja física ou seja espiritual.
A importância do homem na Igreja dos dias atuais
Para além das Sagradas Escrituras, também encontramos exemplos de homens que na sua masculinidade própria foram imprescindíveis para a Igreja de Cristo.
São Nicolau, um santo dos primeiros séculos, sacerdote e bispo da Igreja Católica, teve um papel fundamental na luta contra a heresia ariana que negava a divindade de Jesus Cristo.
São Josemaria Escrivá é fundador da Opus Dei. Ele defendia fortemente que a santidade é para todos, e que “não consiste em realizar coisas extraordinárias, mas em cumprir, com amor, os pequenos deveres de cada dia”. Ele faleceu não faz muito tempo, em 1975.
São João Paulo II um dos santos mais amados destes tempos, dedicou sua vida à Igreja dando ao mundo um forte testemunho de um homem que desafiou as barreiras do tempo para semear a fé e a confiança em Deus.
Se a Igreja de fato não fosse lugar para homens, não veríamos tantos homens à frente da Igreja, conduzindo o povo de Deus. Não teríamos o testemunho de tantos pais que procuram educar seus filhos na fé. Não encontraríamos tantos jovens que deixam transparecer o brilho no olhar quando assumem a vocação religiosa e sacerdotal.
Se você é homem, não se envergonhe de assumir sua fé! Não se deixe abater por ideologias que visam destruir a Igreja ou o seu importante e necessário papel dentro dela e no seio da sua família.
Lembre-se: “o homem só vive plenamente, segundo a verdade, se reconhecer livremente este amor [de Deus] e se entregar ao seu Criador” (CIC 27).
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